Simone Weil 1909-1943

O Amor me acolheu,
mas a alma minha se acovardou culpada de pó e de pecado.
Mas clarividente, o Amor,
vendo-me hesitar desde o meu primeiro passo,
aproximou-se com doçura,
perguntando-me se algo me faltava.
"Um convidado", respondi, "digno de estar aqui".
O Amor disse: "Tu o serás".
"Eu, o mau, o ingrato? Ah, meu dileto, não posso olhar-te".
O Amor me tomou pela mão,
sorrindo respondeu: "Quem fez esses olhos, senão eu?"
"É verdade Senhor, mas os sujei,
que vá aminha vergonha para onde merece".
"E não sabes tu", disse o Amor, "quem tomou a condenação sobre si?"
"Meu dileto, então servirei".
"É preciso que tu te sentes", disse o Amor, "que tu proves o meu alimento"
Assim me sentei e comi.
(George Herbert - 1593-1633)


A Oração é feita de Atenção.
É a orientação para o Deus de toda a atenção que a alma é capaz.
A qualidade da atenção corresponde à qualidade da oração.
Não pode ser trocada pelo calor do coração.

A atenção consiste em suspender o pensamento, em deixá-lo disposnível, vazio e sujeito à penetrabilidade do objeto, em manter em si mesmo a proximidade do pensamento, mas num nível inferior e sem contato com ele e com seus inumeros conhecimentos adquiridos. Nosso pensamento deve ser, com relação a todas as particularidades elaboradas, como uma pessoa numa montanha que, olhando a sua frente, vê sem ver as muitas florestas e planícies abaixo de si. Especialmente, o pensamento deve permanecer vazio, esperando atento, sem procurar por alguma coisa, mas pronto para receber em nua verdade o objeto que a irá possuir.


O mais precioso dos bens não deve ser procurado, mas esperado com atenção. Pois ninguém pode encontrá-lo por si próprio. E se alguém se põe a procurá-lo, irá encontrar em seu lugar falsos bens cuja falsidade não terá como discernir.

de Waiting on God, Simone Weil.

Conheça mais (Francês e Inglês): A bilingual Simone Weil reader

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